domingo, 10 de fevereiro de 2008


A primeira vez em que as mãos abriram a porta, na primeira vez em os olhos olharam pra dentro. Nunca vou me esquecer da sensação que esse lugar provocou. Da paixão que não precisava de mais nada para existir. Eram só os meus montes de tijolos, nem tão meus assim, fazendo de uma menina sua moradora mais devota.
A casa em que chorei por tantas noites, na companhia de quem não sei se mereceu compartilhar. A mesma casa que não foi apenas o palco dos meus meses mais felizes: foi a própria felicidade.
Todos os dias em que entro no meu lugar percebo que a vida, definitivamente, muda. Que nada precisa mudar. Que tijolos não se mexem. Que tudo pode estar como sempre foi. Mas que você nunca será igual por muito mais que dois dias. E isso, definitivamente, transforma qualquer lugar, qualquer pessoa, qualquer sentimento.
O que fica é o que você vai lembrar. Nada além de lembranças pra mim é a vida. Porque tudo vira passado em um segundo. Porque você nunca vai estar no futuro. E o presente me parece curto demais pra ser sentido.
Que as paixões se renovem sempre. Que as boas ilusões sejam sempre cultivadas. Porque é de sensações que se faz uma vida. Porque é de sentimento que se faz um humano.
Que os dias passem, que as pessoas mudem, que a vida se renove. Não um desejo. Mera constatação. O desejo é de que existam corações apertados de felicidade enquanto a vida for vivida. Enquanto for sentida.
E que as portas sempre sejam abertas. Que os olhos sempre se apeteçam com a paisagem.
Entre. Saia. Mas fique um tempo alí dentro. E, quando sair pela última vez, sinta o orgulho de ter estado alí dentro. Sinta o imenso prazer de ter tido uma vida.

Vivamos!

2 comentários:

Anônimo disse...

Lindo texto, Ro..
Me orgulha... :D
Beijo.

Anônimo disse...

Sinto o imenso prazer de poder ler tuas palavras (nova)mente.

=]