segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008


















Ela não podia mais falar. Não tinha mais nada que confortasse o que chamam de coração. Não havia mais palavras a explorar. Nada poderia pôr fim ao que insistia em derramar. "Lágrimas por ninguém". Mas lágrimas. Que vão e voltam. Que tiram o sorriso que já gostaram de olhar. Que machucam o corpo que só pretendem pegar.
Músicas que não fazem mais sentido. Tristeza que não quer mais ser curtida. Tristeza que virou só tristeza. Dolorosamente genuína.
Lados que não se tem pra escapar. Luzes que não acendem pra ela poder apagar. Tudo já está escuro agora. Nada aqui vai passar.
Chorar já não cabe mais. Mas as lágrimas... elas não precisam dele pra serem quem são.
Beleza que não atrai. Piada da vida. Cilada.
Ela não tem conclusão. Não tem devoção. A palavra que não quer ser escrita.
Aonde está você? O que eu faço aqui com essas teorias que a vida me fez criar? Onde posso jogar essa angústia de não ser nada? Em que eu posso acreditar?
Em que?
A dor de ser quem ela era não seria jamais vista. O sorriso que insitia em aparecer nunca deixaria que o mundo soubesse o quão pesado era pra ela.
A vontade de apagar o sofrimento a fazia sofrer. Geraria mais e mais lágrimas, especialmente à quem gerou tudo isso. E assim ela foi... sem saber se deveria continuar indo. Mas foi. E não merece nada do querido mundo por isso. Não há mérito. Ninguém esperou nada dela. Ninguém sequer pensou. Ninguém, ninguém nunca pensaria nela. Não como ela. Porque, por fim, só ela se daria as honras. Nada mais.
E quando batia a tristeza, ela sabia exatamente a quem recorrer. E por vezes seu porto seguro já não estava tão seguro assim. Corre ela pra que lado agora se não há lado pra correr?
Devolve pra quem as dores que doeram nela?
Por um sopro de conforto ela vai levantar. E por um sopro de vida ela vai viver. Sempre viverá. Sempre um sopro.
Cadê você?

domingo, 24 de fevereiro de 2008
























A inspiração andou correndo de mim e eu andei apenas, sem muitos sobressaltos até dois dias atrás.
Mas as palavras sempre voltam, porque a vida sempre muda, e por mais que me faltem as condições que preciso para escrever, nunca me faltam os temas.
Pois bem alegre acordei na manhã de hoje, que já era quase uma tarde de hoje. Aqueles nomes bonitos que os psicólogos usam para falar dos sonhos mereceriam minha falta de ingorância para poder chamá-los. Quase uma troca de favores, afinal, na noite passada, foram-me muito graciosos.
Uma vez com os olhos abertos e o coração querendo se manter fechado volto ao mundo em que consigo ser transparente. As palavras colocadas com as mãos que as escrevem sempre serão parte de mim. Sempre serão a única forma de me fazer entender pois nunca conheci alguém tão fracassada na arte de se expressar verbalmente. Consigo com a boca, a deprimente façanha de escolher o tom, os verbos e as feições mais inadequadas. E depois de percebido isso, resolvi que era hora de silenciar. Ninguém entenderia o que realmente eu pensava sobre algum qualquer caso. E isso acontecia porque eram boas entendedoras. Eu falava tudo da pior forma possível. Já consegui dizer exatamente o contrário do que estava tentando teorizar. Mas, enfim... o pretérito foi só pra dar um ar de sabedoria. Isso tudo ainda acontece nas poucas vezes que arrisco abrir a boca para falar de mim.
O estado de graça não sei por quantas horas vai durar. Sei apenas que vai ter fim. E já ficou difícil saber se a causa do coração leve e ansioso é pelo motivo mais evidente ou se é por comprovar que felicidade vai e volta. Ultimamente, ela tanto mais andou indo que já me deixou no estado ideal para vislumbrar o fundo do poço. Ela me deixou feliz com pouco. O que me reza a alma é que felicidade é esse aperto no peito pela espera de que todo o inesperado mais que esperado te atinja, e você veja que o que a vida estava te dando, dessa vez não era uma rasteira. Era amor. E, portanto, não era pouco.
Ao amor dos novos dias!

Vivamos!

domingo, 17 de fevereiro de 2008

















Não dessa vez... não vai dar pra dizer que é só brincadeira. Talvez nos fosse mais conveniente. Talvez me fosse mais tranquilo. Talvez te fosse mais confortável.
Talvez seja melhor mudarmos de assunto. Talvez seja melhor não matar a saudade. Talvez seja melhor deixar o talvez de lado. Mas quem sabe o que passa por dentro? Quem sabe o que deve ser dito?
Talvez eu te olhe nos olhos. Talvez eu me vista de anjo. Talvez eu tire minhas roupas.
Talvez eu te prenda por aqui. Aqui. Só aqui.

Vivamos!

sábado, 16 de fevereiro de 2008
























Por quantos trechos andamos num silêncio que nos entregava os pensamentos. Em quantas risadas nos perguntamos se éramos nós. Quantos olhares foram precisos para dizer o que a boca nunca conseguiu. Quantos "adeus" tive que dizer à mim mesma pra te tirar daqui, desentranhar, te adorar... e tudo foi bem feito...
Hoje, está à caminho. Não sei o que está sentindo, não sei que alegria ela te leva, mas alguma deve haver. Eu? Eu sou a pedra. Cuidadosamente colocada. Alojada no lugar exato onde vai tropeçar. Tropeça no beijo, trumpica no "quem é essa?", esborrache-se. Anda com ela nos mesmos trechos e preenche o espaço dos nossos silêncios com alguma bobagem que ela há de te dizer. E. quando ela disser, sorria. Sorria perguntando-se se é ela. Enforque-se com a resposta. Olhe bem pra ela. Olhe em volta. Olhe de volta pra ela e assuma o título que resoveu honrar.
Pouco pra mim? Nunca foi. Pouco pra você é você mesmo. Você, que escolhe as baixinhas pra parecer mais alto. À mim não encanta. À você não levanta. Caminhe agora.
Segurem as mãos, segurem os cabelos, segurem-se. Sem medo à quem possa se amedrontar. Não há o que temer.
Há muito me tornei o inalcançável. Talvez sempre tenha sido, embora num minuto de silêncio ele tenha pensado o contrário, sorrido por isso e me olhado como (quase) só ele soube olhar. Mas logo passou e aqui estamos. Eu de um lado, ele do outro, ela do lado.
"Minhas mãos estão cansadas".
Canseira mesma das palavras que já te dediquei. Palavras dadas à quem não aprendeu a ler. À quem não tem quem ensine.
Em silêncio, agora sozinha, sem pensamentos, sem nada mais. Apenas uma pedra. A pedra que não escolhi ser. A pedra que sou.

Em paz, atrás, dando adeus ao pobre incapaz.

Vivendo, escrevendo, pondo o mundo nos meus mundos de remendo!

Vivamos!

domingo, 10 de fevereiro de 2008

"Joga fora no lixo"


Mas não jogue qualquer coisa! A lixeira é cara e não é sua!

Brasil de terra calma, Brasil de escrava Isaura, Brasil que dói na alma.

A primeira vez em que as mãos abriram a porta, na primeira vez em os olhos olharam pra dentro. Nunca vou me esquecer da sensação que esse lugar provocou. Da paixão que não precisava de mais nada para existir. Eram só os meus montes de tijolos, nem tão meus assim, fazendo de uma menina sua moradora mais devota.
A casa em que chorei por tantas noites, na companhia de quem não sei se mereceu compartilhar. A mesma casa que não foi apenas o palco dos meus meses mais felizes: foi a própria felicidade.
Todos os dias em que entro no meu lugar percebo que a vida, definitivamente, muda. Que nada precisa mudar. Que tijolos não se mexem. Que tudo pode estar como sempre foi. Mas que você nunca será igual por muito mais que dois dias. E isso, definitivamente, transforma qualquer lugar, qualquer pessoa, qualquer sentimento.
O que fica é o que você vai lembrar. Nada além de lembranças pra mim é a vida. Porque tudo vira passado em um segundo. Porque você nunca vai estar no futuro. E o presente me parece curto demais pra ser sentido.
Que as paixões se renovem sempre. Que as boas ilusões sejam sempre cultivadas. Porque é de sensações que se faz uma vida. Porque é de sentimento que se faz um humano.
Que os dias passem, que as pessoas mudem, que a vida se renove. Não um desejo. Mera constatação. O desejo é de que existam corações apertados de felicidade enquanto a vida for vivida. Enquanto for sentida.
E que as portas sempre sejam abertas. Que os olhos sempre se apeteçam com a paisagem.
Entre. Saia. Mas fique um tempo alí dentro. E, quando sair pela última vez, sinta o orgulho de ter estado alí dentro. Sinta o imenso prazer de ter tido uma vida.

Vivamos!