quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Com licencinha,


Só pra registrar, vim aqui meter o carimbo do "não tenho porra nenhuma pra fazer".

Às vezes chamo isso de tédio. Mas agora estou feliz e chamo de férias, delícia, maravilha, tesão!

É verdade que ainda fico pensando que devo estar esquecendo alguma coisa, pois como se pode não ter absolutamente nada para fazer além de lavar umas roupas, depilar a perna, dormir de tarde, escrever merda no blog a noite, atrapalhar o namorado enquanto trabalha... mas acho que não estou esquecendo de nada não.

Oh vida...

Às vezes até que você é bem engraçadinha.

Vivamos!

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Soneto para Viviane

És feia como o espinho que trago no peito
Olhar-te faz sangrar as dores de qualquer alma
Da mais falsa calma
Do mais fétido leito

És feia como a pintura que deu errado
Figura escabrosa do medo e pavor contínuo
Tão logo chega com seu andar torto
Tão logo vou a procura de algum belo porto

Afaste-se de mim, oh brisa mal cheirosa
Deixa-me sozinha, pois seu caminhar é deveras doloroso
Leve embora todo horror, todo ardor e tua fina e feia rosa

E não te esqueça de voltares a qualquer tempo
Pois mesmo feia, há de servir pra alguma besteira
Ainda que seja pela sola de tua frieira

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010



















Não sei se já é um sinal de esclerose, mas estou adorando ficar velha. Certo, velha não. Mais velha.
Não sei também se é fase ou coincidência mas os dias tem sido mais leves. E não falo das últimas semanas.
Os anos tem me trazido alguma calma. Os remédios também, é verdade, mas os anos muito mais.
Quando fiz 21, comprei uns baldes, alguns panos, chantageei amigos em troca de vassouras, lixeiras, fronhas... e fui morar sozinha. Levei muito mais sonho na traseira da pampa (que era mais do que suficiente pra minha quantidade de pertences) que pertences em si. E o reboliço daqueles anos parece que só está se acalmando agora.
É mais tranquilo viver. Sim, é verdade também que muita coisa prática ajuda na diminuição das ansiedades, mas eu sei que o tempo tem sido generoso comigo.
É estranho, mas hoje sempre me pareceu muito melhor que ontem.

Quero muito tempo. Quero que dê tempo de fazer tudo que nasci pra fazer.
Quero um canudo na mão, um buquê pro alto e um filho no colo.
Depois disso, o viver não precisa mais ser pensado. Basta-se.

Vivamos.













Daqui do chão que tenta me refrescar, na noite mais quente do meu ano, penso que tudo vira cotidiano. Mas não um cotidiano novelesco, com toques de novidade a cada capítulo. Cotidiano verdadeiro, em que olho pras coisas e não as enxergo mais. Aquela decoração que há um tempo fiz na parede, meticulosamente pensada para combinar com os móveis e meu estilo, já não vejo mais. Está alí, eu sei. Mas só está. Não mais é.
Os meus amigos estão em algum lugar, talvez animados ou entediados, não sei.
Meu Gomes dorme em seu quarto rosa e não quer ser acordado.
Hoje, está cada um no seu canto, cotidianamente quieto.
A televisão traz algum barulho ao quarto, que já nem posso mais chamar de desagradável.
Deitar no chão não me refrescou. Mas me fez ver a parede de novo. E ficou bonita...
Mas continuo aqui, cotidianamente estatelada, procurando palavras pra não deixar à quem lê pensando que é tristeza.
Nem tudo é tristeza.
Nem tudo é depressão.
A minoria é. A maioria é cotidiano.

Vivamos.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Férias


Porque eu não aguento mais ouvir frases como...





"Então... o comprovante de endereço..."

"Meu RG? Ficou no setor"

"Mas pelo meu CPF você não consegue ver aí?"

"Oi, meu cartão não chegou..."

"Minha conta era lá do ciclo básico..."

"Quanto que dá pra tirar?"

"Eu acho que eu não tenho margem, mas vê aí o que você pode fazer pra mim"

"Só uma perguntinha..."

"Só uma perguntinha [2]: o que eu preciso pra financiamento de casa? É rapidinho..."

"Que senha de letras?"

"Mas ninguém me liga pra avisar?"

NÃO! Ninguém nunca te ligou e nem vai te ligar. Ande sempre com a merda dos seus documentos, leia antes de assinar, pense antes de financiar e vá pra puta que te pariu.

Enfim... férias.

=]